A CUFA/ NUCLEO MARIA, MARIA SE POSICIONA CONTRA A CONSTITUIÇÃO DA CPI DO ABORTO.

Segundo dados da Articulação de Mulheres Brasileira – AMB, no Mato Grosso do Sul, cerca de 10 mil mulheres suspeitas de praticar aborto serão interrogadas pela Polícia Civil por determinação da Justiça. Sobre essa questão é importante alertar que "tanto faz o aborto ser ou não provocado, ao chegar a um serviço de emergência obstétrica com abortamento em curso ou com complicações decorrentes do aborto, as mulheres são tratadas como criminosas"[1].
Na realidade, essa posição tornar um problema de saúde alvo de ação policial, que será levada ao extremo, com a criação da chamada "CPI do Aborto", cuja articulação para a instalação está em curso no Congresso Nacional.
A Central Única das Favelas – CUFA coloca-se totalmente contraria à criação da CPI, que em nossa opinião servirá unicamente para penalizar, CRIMINALIZAR as mulheres e JOVENS EM SUA MAIORIA negras e pobres desse país, que sem acesso ao trabalho, à saúde, à educação e à justiça são muitas vezes levadas a recorrer ao aborto de forma insegura.
Essa problemática, precisa ser debatida com os diferentes setores da sociedade na perspectiva de apontarmos saídas realmente efetivas para a redução da mortalidade de nossas meninas, pois a falta de alternativas continuará levando mulheres a recorrer ao aborto, independente do que as instituições pensem sobre isso. A história reclama do Estado brasileiro, novas formas de tratar os problemas sociais que superem essa dimensão de reduzi-las a caso de polícia, a tornar problemas sociais em ações de âmbito privado e individual.
É preciso considerar que a problemática do aborto é ponto de convergência entras as desigualdades de gênero, raça e classe dimensões estruturais da formação da sociedade brasileira, superá-las é um desafio de todas e todos que têm compromisso com a construção de um mundo mais digno, justo, fraterno e solidário.
[1] Rede Feminista de Saúde. Dossiê Aborto: Mortes Preveníveis e Evitáveis: dossiê. Belo Horizonte: Rede Feminista de Saúde, 2005, 48p.
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